Em relacionamentos amorosos, as diferenças de idade podem ser grandes ou pequenas. As reações também variam – há quem se admire ao ver um casal com uma disparidade considerável na idade, enquanto outras pessoas creem que esse tipo de relacionamento é inerentemente problemático, principalmente a ideia de alguém muito mais velho manter uma relação amorosa com uma pessoa jovem demais.
Neste texto, você entende um pouco sobre a história e estigma de grandes diferenças de idade em relacionamentos, o que pode lhe ajudar a formar uma opinião: será que isso é problemático?
Um histórico das grandes diferenças de idade
Em relacionamentos heterossexuais, muitas culturas veem como comum o homem ser mais velho do que a mulher, mas não por muitos anos. Nas relações com grandes diferenças de idade, isso se reflete, e frequentemente homens podem considerar se envolver com mulheres muito mais jovens. Uma das possíveis explicações para isso é evolucionária: a capacidade de reprodução masculina tende a ser mais duradoura, e pessoas desse sexo têm maior facilidade de terem filhos quando mais velhas – o que pode contribuir pela sua atração por mulheres muito mais jovens.
Quanto à mulher, alguns estudos apontam que elas tendem a ser um pouco mais exigentes no momento de escolher um parceiro. Por muitos anos, a preferência de mulheres por homens mais velhos podia ser explicada pela capacidade de provedor desses indivíduos, que tendem a ter mais recursos e status conforme envelhecem.
No entanto, as perspectivas sociais estão mudando, principalmente com a ascensão da mulher no mercado de trabalho e a alta mobilidade de classe. Assim, os milhares de anos de psicologia evolucionária e gerações de normas culturais estão sendo lentamente substituídos pela igualdade de gênero e mudanças nas dinâmicas de poder – o que pode estar influenciando na questão das diferenças de idade no relacionamento.
Vale destacar que essas teorias não contemplam grandes diferenças de idade entre casais LGBTQ+ e mulheres mais velhas do que homens, que são grupos menos estudados. Além disso, na grande maioria das vezes, mulheres preferem homens com quase a mesma idade como parceiros.
É problemático?
Há muito preconceito ao redor dos relacionamentos com grandes diferenças de idade, e esse tema é considerado um tabu principalmente pelos costumes culturais e perspectivas evolucionárias. Isso porque existe a ideia de que ambos os pais devem estar vivos para criar um filho e que a partir dos 35 anos a capacidade de gerar uma criança reduz tanto para homens quanto para mulheres, apesar de ser em proporções distintas. Talvez por isso seja mais comum encontrar relacionamentos LGBTQ+ com maiores diferenças de idade, já que a questão da concepção biológica de um filho não entra na equação.
No entanto, atualmente muitas sociedades estão aceitando novas formas de amor e relacionamento, que surgem das mais diversas maneiras. Com uma maior aceitação de casais diferentes em sexualidade, gênero e até mesmo no número de pessoas dentro do relacionamento, muitos acreditam que as relações com uma grande diferença de idade também serão normalizadas.
No entanto, há pouca evidência concreta de que julgamentos desaparecerão – pessoas mais jovens, por exemplo, parecem ter um preconceito ainda maior, principalmente quando o homem é muito mais velho do que a mulher.
Com o maior poder econômico das mulheres, o apelo por um parceiro muito mais velho também parece ter desaparecido, e quando elas se relacionam com homens muito mais velhos ou mais novos, geralmente são alvo de ataques. Por exemplo, em relacionamentos com homens muito mais velhos, a sociedade não interpreta que o casal está feliz junto, e sim que a relação é puramente transacional, com a mulher tentando “se aproveitar” para elevar o seu status. Já mulheres que se relacionam com homens muito mais novos vão contra a tendência, e por isso são julgadas.
Enfim, se é problemático ou não, é relativo. É importante considerar casal por casal e se existe algum tipo de opressão acarretado pelas grandes diferenças de idade. Algumas fontes usam uma estratégia para determinar se a diferença de idade é muito grande ou se é socialmente aceitável. Nesse cálculo, você divide a sua idade por dois e soma sete anos – por exemplo, uma pessoa com 28 anos não poderia se relacionar com alguém com menos de 21 anos.