O que aconteceu com Bete Mendes, a intérprete de Donana em “O Rei do Gado” foi um mistério por muitos anos e muitas pessoas não sabiam de seu passado obscuro. Vinte e sete anos após a exibição original da novela, ela não parou de trabalhar. Uma das maiores atrizes brasileiras, a veterana é marcada também por uma vida pessoal atribulada, sobretudo devido a sua militância política.
Na novela de Benedito Ruy Barbosa, reprisada atualmente no Vale a Pena Ver de Novo, Bete vive a cozinheira da fazenda de Bruno (Antonio Fagundes) no Araguaia. Ela é esposa de Zé (Stenio Gargia) e tem um coração de ouro, capaz até de conquistar o enteado, Uerê (Pedro Gabriel).
A trama rural faz parte de um extenso currículo que conta com mais de quarenta trabalhos somente na televisão. Bete Mendes estreou nas telinhas no final da década de 1960 e emendou diversas produções, com destaque para O casarão, Tieta, Terra Nostra, Páginas da Vida, Caras e Bocas, entre muitas outras.
A última novela da veterana foi “Tempo de Amar”, em 2017, como a Irmã Imaculada. A partir daí, a atriz de 73 anos, natural da cidade de Santos, litoral de São Paulo, se afastou da TV.
Caminho de destaque na política brasileira
Além de uma carreira esplendorosa, pouca gente sabe que Bete Mendes é uma importante militante política. Seus ideais partem desde a juventude, quando infelizmente ela se tornou uma das vítimas da tortura da Ditadura Militar no Brasil.
No ano de 1970, ela foi presa duas vezes e torturada pelo coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, militar bastante conhecido durante essa triste época para a história do país. Os momentos de terror foram narrados pela atriz em participação nas obras “Anos Rebeldes (1992)” e na supersérie “Os Dias Eram Assim (2017)”.
Após sua prisão, a atriz passou a ser vigiada pelo regime e teve dificuldades para conseguir trabalhos na televisão. Para se ter uma noção do quanto a artista teve que lidar por seu engajamento político, Bete Mendes chegou a ficar dez anos afastada das telas, retornando apenas em 1985 na minissérie Tenda dos Milagres.
Estudante de Sociologia, Bete ajudou a formar uma série de movimentos sociais, além de ser uma das fundadoras do Partido dos Trabalhadores (PT), na década de 1980. Ela se elegeu deputada federal pelo partido e também pelo PMDB. Além disso, atual como Secretária de Cultura e Presidente da Fundação de Artes do Rio de Janeiro.
Após deixar a carreira política, a Donana de Rei do Gado voltou suas atenções à carreira, mas nunca deixou de ser ativa em seus ideais, inclusive apoiando as candidaturas à presidência de Luiz Inácio Lula da Silva, atual presidente do país.
Além disso, recentemente Bete lamentou as manifestações contrárias à posse do atual presidente. “É terrível, doloroso, ver como cresceu em nossa sociedade este sentimento, ação neofascista”. Disse a ex-atriz. Ela culpou inclusive o último gestor do Brasil, Jair Bolsonaro, e a sua base aliada. “Foram ativos estimulando o pior entre nossa gente”, disse ao Notícias da TV.
Situação atual de Bete Mendes
Atualmente, a artista não tem planos de voltar à TV. Ela se dedica a trabalhos esporádicos no Cinema e deve participar de algumas produções em 2023.
Recentemente, ela foi homenageada no 29.º Festival de Cinema de Vitória. Além disso, garantiu que continua mais militante do que nunca, participando de vários grupos, como o Movimento Direitos Humanos, além de atos a favor da cultura e democracia no Brasil.
